Monday, January 30, 2006

Carta aberta a um amigo

Todos nós temos uma forma muito própria de encarar o jogo de futebol: há aqueles que são mais efusivos, os mais calmos, os serenos, os competitivos, etc., etc., e todas essas formas são, e serão sempre, uma forma legítima e aceitável de estar em campo.

Agora o que se passou no último jogo foi algo que, não tendo muita gravidade, pode tomar outras repercussões, noutras circunstâncias ou com outro interveniente. Hoje já concordarás comigo que a atitude que tomaste foi de todo despropositada. É verdade que sofres uma falta, diria, grosseira, mas em bom rigor não foi mais do que um agarrão sem qualquer tipo de violência ou intuito de aleijar. Uma reacção como a tua, por outro lado, é totalmente desproporcional ao acto que a desencadeou, lamentável e que poderia ter sido grave.

Eu sei que defendes o direito às tuas emoções durante o jogo e que findo o mesmo está tudo bem. Por outro lado podes encontrar um adversário que tenha a mesma envolvência no encontro, os mesmos nervos à flor da pele e que perante uma atitude daqueles possa, segundo o mesmo critério de direitos, reagir de forma igualmente violenta. E depois? Envolvem-se fisicamente? Têm de ser separados pelos colegas? E quando chegarem ao balneário, estará tudo bem? Duvido.

Ou seja, por causa de um acto irreflectido corremos o risco estragar algo de bom que temos e, quiçá, chegarmos à conclusão que temos de fazer uma “pausa de Inverno” no campeonato (à boa moda alemã), para que os ânimos possam ser serenados.

Esta conversa vinda de mim pode parecer irónica porque, também eu não sou um exemplo de serenidade dentro do campo, mas a frieza desta 2.ª feira permite ver as coisas com uma clareza e um bom senso que as 6.ªs feiras tendem a retirar-me. Espero que, também tu, hoje possas concordar comigo. Para bem dos nossos jogos e acima de tudo, das nossas amizades.

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